quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Hemorroida: a doença que é um tabu

Publicada na edição de 18 a 24 de outubro de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.


Deixe de lado as piadas de mau gosto. A coceira, a queimação, a dor e o sangramento precisam ser tratados

Vergonha. É o que faz com que muitas pessoas que sofrem de hemorroidas deixem de procurar um médico ou de falar abertamente sobre o assunto – o que de fato é uma bobagem, pois qualquer um está propenso a desenvolver a doença.
A causa é uma só: aplicar constante pressão sobre as veias do ânus. Essa pressão faz com que elas inflamem, inchem e até mesmo se externem. O cirurgião geral Silvio Gabor esclarece os principais mitos e verdades em relação ao surgimento e ao tratamento das hemorroidas.

É mentira
Há pessoas que dizem que “andar a cavalo ou de bicicleta”, “ficar muito tempo sentado no vaso sanitário”, e “fazer sexo anal” geram hemorroidas. Há até quem diga a bobagem de que “hemorroida causa câncer”. “Há essa confusão com o câncer porque alguns sintomas são parecidos, como o sangramento, por exemplo. Mas ele também pode ocorrer por conta de doenças do esôfago, estômago e intestino delgado”, explica o médico.
Já andar a cavalo ou de bicicleta só contribui para o surgimento das hemorroidas quando a pessoa passa boa parte do seu dia sentada sobre eles. Em relação ao ato de ficar muito tempo sentado na privada, o doutor Gabor explica que o problema é fazer muito esforço para evacuar, durante muito tempo.
“Já o ato sexual pode causar microtraumas e fissuras na região, mas não chega a ser a causa do problema. Os cuidados devem se relacionar, sim, à prevenção de transmissão de doenças e possíveis lesões no local por falta de relaxamento da musculatura e lubrificação”, acrescenta o médico.

Longe de mim
Fezes ressecadas muitas vezes resultam em prisão de ventre, a famosa dificuldade para ir ao banheiro. "Se a pessoa já tem o problema, o esforço repetitivo durante as evacuações pode levar ao crescimento das veias”, explica Gabor. Por isso, a melhor forma de se prevenir de hemorroidas é beber muita água e comer frutas, vegetais e grãos integrais – fontes de fibras, que ajudam na hidratação das fezes.

Xi, será que eu tenho?
As hemorroidas podem ser internas ou externas ao ânus, sendo que as externas incomodam mais, porque são palpáveis e coçam. É importante saber que a dor não é um sintoma obrigatório. “O único sinal da hemorroida interna, por exemplo, pode ser a presença de sangue na evacuação”, explica o médico. Vale a pena estar atento aos sinais.

Como é o tratamento?
Os médicos indicam pomadas, que minimizam o desconforto – mas não curam o problema. A veia hemorroidária, uma vez dilatada, exige muitos cuidados para voltar ao seu estado normal.
O doutor Silvio Gabor indica um banho de assento para aliviar os sintomas: o paciente deve permanecer sentado em uma bacia com água morna por aproximadamente cinco minutos, três a quatro vezes ao dia. É interessante também que os pacientes evitem alimentos picantes, que irritam os tecidos inflamados e evitem fazer atividades que exijam força, como a musculação, por exemplo.
Em casos mais graves, a cirurgia ou o estrangulamento da veia afetada pode ser a solução.

Atenção, grávidas 
A gestação e o parto favorecem a dilatação dos vasos do ânus por conta do aumento de peso e da pressão exercida sobre a região pélvica. “A maioria das grávidas têm hemorroidas, mas os sintomas geralmente são discretos e não exigem medicamentos, apenas mudanças na alimentação” explica o médico.
É preciso também estar atenta ao período de amamentação, que é quando a mulher perde muita água para produzir o leite materno. “As mamães devem se hidratar para não ter as fezes ressecadas”, finaliza Silvio Gabor.



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