Publicada
na edição de 23 a 29 de agosto de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da
FLC Comunicações Ltda.
Seja por necessidade financeira ou por
realização profissional, muitas pessoas trabalham em dois empregos
Ter uma segunda fonte de renda é o
sonho de muitos trabalhadores e um fator que os motiva atuar em dois empregos.
Além de gerar mais dinheiro no final do mês, exercer duas funções pode trazer maior
realização profissional. Mas nem tudo são flores no mundo da dupla jornada. Os
profissionais que a encaram tendem a sacrificar o seu tempo de folga e lazer e
passar os dias cansados e estressados. Neste caso, há a preocupação de que o
desempenho em um emprego possa prejudicar o desempenho no outro.
“Se as funções são parecidas, ou se
estão na mesma área, é mais fácil levar. Agora se elas exigem conhecimentos e habilidades
completamente diferentes, o trabalho tende a ser mais cansativo e os resultados
podem ser prejudicados”, diz o consultor em recursos humanos Laerte Cordeiro,
que dá a dica: “Se você precisa ou quer ganhar mais dinheiro e tem condições de
trabalhar, não amoleça o corpo. Aproveite a sua saúde e trabalhe o quanto
puder. Viver em uma sociedade como a nossa, atualmente, é muito caro”.
Vale
a pena
Há
quem trabalhe em dois empregos completamente diferentes, em um pela segurança
financeira e em outro levando em conta a sua satisfação pessoal. Esse é o caso
de Claudia da Silva, que trabalha em um banco e aderiu à outra função para se
realizar profissionalmente. “Fiz
cursos, me pós-graduei e hoje exerço a profissão de psicopedagoga. Trabalho o
dia inteiro no banco e a noite atendo alunos com dificuldade de aprendizado”, conta
Claudia.
Sua rotina é agitada e ela lamenta não
poder se comprometer completamente na área em que prefere atuar. “Ser psicopedagoga
é uma realização plena. Lamento que não sobre muito tempo para essa atividade.
Eu gostaria de me dedicar muito mais a função e sinto muito por isso”, revela.
Um dos motivos para que Claudia consiga
conciliar as suas atividades é que o consultório fica próximo do banco onde trabalha.
Mas, mesmo se fosse longe, Claudia não desanimaria. “Minha satisfação como
psicopedagoga não tem preço”, diz.
E
o lazer?
Um dos principais problemas em ter dois
empregos é a dificuldade de conciliá-los com o tempo de descanso e de lazer. “Quem
trabalha assim normalmente não tem muito tempo sobrando. Há momentos na vida em
que é preciso sacrificar algumas coisas em beneficio de outras”, diz Laerte.
O consultor também acredita que quem pretende
mudar de carreira e não conhece muito bem a área desejada pode conciliar os
dois empregos até se sentir confiante para estar em apenas um. “É uma atitude
que trás segurança. Se quiser e puder estar nos dois ao mesmo tempo, por alguns
meses, é interessante”, aconselha.
Sem
saída
Hercio Oliveira, de 51 anos, trabalhou
a vida inteira na área de segurança, e por dezoito anos manteve uma dupla
jornada: durante a noite era guarda municipal e durante o dia fazia bicos como
segurança particular. “O meu salário principal nunca foi o suficiente. Ás vezes
eu ganhava mais nos “bicos” do que na guarda”, conta o pai de família.
Por conta da correria que levou durante
todos esses anos, Hercio teve a sua saúde comprometida. “Muitas vezes eu ficava
36 horas acordado e descansava por duas, no máximo três horas. Sofri com
pressão alta nos olhos e sinto dores até hoje”, afirma. Hercio confessa que as
noites mal dormidas já lhe renderam um acidente de carro. “Dormi ao volante,
por conta do cansaço. Essa rotina é maçante. Hoje sei que o melhor é estar em
casa, convivendo com a família”, reflete.
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