quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Levando uma jornada dupla

Publicada na edição de 23 a 29 de agosto de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.

Seja por necessidade financeira ou por realização profissional, muitas pessoas trabalham em dois empregos


Ter uma segunda fonte de renda é o sonho de muitos trabalhadores e um fator que os motiva atuar em dois empregos. Além de gerar mais dinheiro no final do mês, exercer duas funções pode trazer maior realização profissional. Mas nem tudo são flores no mundo da dupla jornada. Os profissionais que a encaram tendem a sacrificar o seu tempo de folga e lazer e passar os dias cansados e estressados. Neste caso, há a preocupação de que o desempenho em um emprego possa prejudicar o desempenho no outro.
“Se as funções são parecidas, ou se estão na mesma área, é mais fácil levar. Agora se elas exigem conhecimentos e habilidades completamente diferentes, o trabalho tende a ser mais cansativo e os resultados podem ser prejudicados”, diz o consultor em recursos humanos Laerte Cordeiro, que dá a dica: “Se você precisa ou quer ganhar mais dinheiro e tem condições de trabalhar, não amoleça o corpo. Aproveite a sua saúde e trabalhe o quanto puder. Viver em uma sociedade como a nossa, atualmente, é muito caro”.

Vale a pena
Há quem trabalhe em dois empregos completamente diferentes, em um pela segurança financeira e em outro levando em conta a sua satisfação pessoal. Esse é o caso de Claudia da Silva, que trabalha em um banco e aderiu à outra função para se realizar profissionalmente. “Fiz cursos, me pós-graduei e hoje exerço a profissão de psicopedagoga. Trabalho o dia inteiro no banco e a noite atendo alunos com dificuldade de aprendizado”, conta Claudia.
Sua rotina é agitada e ela lamenta não poder se comprometer completamente na área em que prefere atuar. “Ser psicopedagoga é uma realização plena. Lamento que não sobre muito tempo para essa atividade. Eu gostaria de me dedicar muito mais a função e sinto muito por isso”, revela.
Um dos motivos para que Claudia consiga conciliar as suas atividades é que o consultório fica próximo do banco onde trabalha. Mas, mesmo se fosse longe, Claudia não desanimaria. “Minha satisfação como psicopedagoga não tem preço”, diz.

E o lazer?
Um dos principais problemas em ter dois empregos é a dificuldade de conciliá-los com o tempo de descanso e de lazer. “Quem trabalha assim normalmente não tem muito tempo sobrando. Há momentos na vida em que é preciso sacrificar algumas coisas em beneficio de outras”, diz Laerte.
O consultor também acredita que quem pretende mudar de carreira e não conhece muito bem a área desejada pode conciliar os dois empregos até se sentir confiante para estar em apenas um. “É uma atitude que trás segurança. Se quiser e puder estar nos dois ao mesmo tempo, por alguns meses, é interessante”, aconselha.

Sem saída
Hercio Oliveira, de 51 anos, trabalhou a vida inteira na área de segurança, e por dezoito anos manteve uma dupla jornada: durante a noite era guarda municipal e durante o dia fazia bicos como segurança particular. “O meu salário principal nunca foi o suficiente. Ás vezes eu ganhava mais nos “bicos” do que na guarda”, conta o pai de família.
Por conta da correria que levou durante todos esses anos, Hercio teve a sua saúde comprometida. “Muitas vezes eu ficava 36 horas acordado e descansava por duas, no máximo três horas. Sofri com pressão alta nos olhos e sinto dores até hoje”, afirma. Hercio confessa que as noites mal dormidas já lhe renderam um acidente de carro. “Dormi ao volante, por conta do cansaço. Essa rotina é maçante. Hoje sei que o melhor é estar em casa, convivendo com a família”, reflete.




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