Publicada
na edição de 26 de julho a 1 de agosto de 2013 do Jornal do Trem e Folha do
Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
Lucros sobre a exploração do petróleo
no litoral do país possivelmente se tornarão investimentos em educação
Segundo dados da OCDE (Organização Para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil investe cerca de 6% do seu
PIB (Produto Interno Bruto) em educação, o que o torna o 15º país que mais
investe no setor dentre os 42 países membros da organização.
Sendo, então, um dos maiores
investidores, é aceitável esperar que a qualidade do ensino seja tão alta
quanto os recursos investidos. Ledo engano. O Brasil alcançou, no ano passado,
o 53º lugar de um total de 65 países em um programa que avalia a qualidade da
educação, realizado também pela OCDE.
Independente da pesquisa, a população
conhece bem as deficiências do sistema. Poucas creches, poucas vagas, problemas
com a alfabetização dos pequenos e pouco – ou nenhum – reconhecimento aos
professores.
Retrato
brasileiro
José Marcelino de Rezende, estudioso
especialista em Financiamento da Educação, acredita que os investimentos atuais
ainda são pequenos. “Para atingir bons resultados é preciso investir 7% do PIB até
2016 e 10% até 2020”. Assim como Rezende, Daniel Cara, coordenador geral da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirma que os investimentos precisam
aumentar.
“Hoje o Brasil investe cerca de R$
233,2 bilhões em educação pública. Parece muito, mas ao analisar o quanto se
investe por aluno, o que é mais importante, o país investe pouco. A educação de
um jovem brasileiro custa apenas 1/3 da média investida nos jovens dos países
mais desenvolvidos”, explica.
A fim de aumentar os investimentos na
área, o governo discute a possibilidade de utilizar os lucros provenientes da
exploração do petróleo no litoral brasileiro. Esses lucros, vinculados aos
royalties e aos recursos dos poços já licitados, ficaram conhecidos como os royalties
do petróleo.
Entenda
os royalties
A lei assegura que qualquer petróleo
encontrado em território nacional pertença à União. Portanto, para explorá-lo,
é necessário pagar royalties – processo parecido ao de se gravar uma música de
outra pessoa. Atualmente uma parte dos royalties do petróleo vai para a União,
outra parte para os estados produtores, outra para os municípios produtores e
outra, bem pequena, para os demais estados e municípios do país. Como a região
a ser explorada é grande, indo do Espírito Santo até Santa Catarina, todos os
estados interviram para receber a suas fatias nos lucros, a fim de investir internamente.
A provável solução adotada para o caso será destinar 75% dos royalties para a
educação e 25% para saúde em todo o país.
“A educação deve ter prioridade, pois é
um direito que, quando assegurado e consagrado, mobiliza os demais direitos”, garante
Daniel Cara. Deputados, senadores e a presidente precisam chegar a um consenso
sobre a divisão dos royalties, e o assunto está longe de ser concluído. A
principal divergência é sobre qual montante os lucros serão divididos: de todo
o dinheiro do Fundo Social ou apenas dos rendimentos que ele gerar.
Fundo
Social do Pré-Sal
Este é o nome da reserva onde é e continuará
guardado o dinheiro advindo da exploração do petróleo. Votações no Congresso
sobre o seu uso e outras particularidades que envolvem o processo foram
paralisadas por conta das divergências de opinião entre os poderes, e serão
retomadas apenas depois de agosto. Enquanto os deputados acreditam que 50% dos
recursos do Fundo Social devam ser aplicados na educação até que se atinja o
percentual de 10% do PIB, o Senado acredita que devem ser utilizados apenas 50%
dos rendimentos do Fundo, e não só para educação, mas sim para diversas áreas.
“O problema é que os rendimentos vão
gerar quase nada. Assim, muitas áreas vão receber muito pouco. O ideal seria
50% do valor principal do Fundo Social para a educação, considerando que ela precisa
da metade da poupança, não apenas da metade do que ela irá render. É preciso
que o Brasil invista, especialmente, em pagar melhores salários aos professores”,
afirma Daniel Cara.
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