Publicada
na edição de 2 a 8 de agosto de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC
Comunicações Ltda.
O agressor usa o medo, a vergonha e a
culpa para manipular a mulher e evitar que ela faça uma denúncia
O que era para ser um relacionamento saudável,
baseado em carinho, compreensão e respeito se torna um pesadelo. De uma hora
para outra, a mulher deixa de reconhecer o seu parceiro, o homem amoroso que a
fazia feliz, e não consegue se ver livre dessa situação.
Segundo recente pesquisa, realizada
pelo DataSenado, aproximadamente 20% da população feminina já sofreu algum tipo
de agressão. Destas, 31% ainda convivem com o agressor e 14% ainda sofrem algum
tipo de violência. Mesmo completando, na próxima quarta-feira, 7, sete anos da
sanção da Lei Maria da Penha, ainda há neste país muitas mulheres que sofrem
agressões dentro da própria casa. E o pior, se sentem culpadas por isso.
O
problema é comigo
O agressor dificilmente demonstra a
outras pessoas ser um cara violento. Ele expressa sua agressividade apenas com
a mulher e em situações em que ela não consegue se defender plenamente. Algumas
chegam a pensar que se contarem que estão sendo agredidas, ninguém irá
acreditar. Então a mulher passa a assimilar que ela é a causadora de toda a
raiva e estresse e se pergunta onde pode melhorar para sair dessa situação. “O
agressor põe a culpa na vítima, provocando sentimentos de frustração e vergonha
difíceis de serem superados” afirma a psicóloga clínica Mariagrazia Marini.
Ele
não é violento
Muitas mulheres convivem com homens que
as menosprezam, xingam e as ofendem, mesmo que nunca as tenham agredido
fisicamente. A violência verbal é uma das piores formas de violência, atitude desrespeitosa
que causa infelicidade e pode levar a depressão. “As mulheres jamais devem se
sentir culpadas pelo desequilíbrio do companheiro, precisam sim fazer valer os seus
direitos e exigirem respeito”, aconselha a psicóloga.
Mais
uma chance
Ele fica nervoso, quebra tudo em casa e
agride a companheira, mas no dia seguinte pede desculpas e garante que nada
daquilo irá acontecer novamente. Não acredite em palavras, a menos que esse
homem se proponha a buscar ajuda, realizar um tratamento e demonstrar realmente
que quer se curar do problema. Do contrário, a intenção dele é confundir e
enganar. “Muitos agressores acham que a violência é o único meio que têm para
se expressar, portanto precisam de ajuda psicológica”, ressalta Mariagrazia.
E
os filhos?
Sempre que a mulher pensa em resolver a
sua situação, ela coloca os filhos em primeiro lugar. Só que de maneira errada.
Pensar no bem das crianças é dar a elas a possibilidade de crescer longe de um
cenário de agressões e desrespeitos. Vivendo sob esse clima, os pequenos tendem
a crescer assustados, traumatizados e até mesmo violentos. É também pelo bem
dos filhos que a mulher deve se afastar do agressor até que ele mude.
A
culpa é da bebida
Se ele se torna agressivo quando bebe
ou usa drogas, esse é mais um motivo para buscar ajuda. “Em geral, ciúmes, separação,
traição, falta de dinheiro e o uso de drogas levam os homens a cometer
violência. É preciso ter consciência de que o comportamento vai se repetir e
dialogar e motivar o agressor a buscar ajuda. Se não houver resultado, a melhor
alternativa para a saúde de todos é denunciar”, aconselha a psicóloga.
Vergonha
de contar
O primeiro desafio para acabar com a
violência é acabar com o segredo. Por isso há telefones, órgãos e locais
seguros onde a mulher pode desabafar e pedir ajuda. Mesmo que isso já aconteça
por anos, saiba que você não merece sofrer mais nem um minuto. Dê o primeiro
passo.
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