Publicada
na edição de 7 a 13 de junho de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC
Comunicações Ltda.
Homens
e mulheres reclamam que faltam pessoas do sexo oposto para se relacionar.
Afinal, o que está acontecendo?
A psicóloga e especialista em
relacionamentos, doutora Ana Beatriz Cintra acredita que cada vez mais as
pessoas estão críticas em relação aos defeitos dos outros e não toleram as
diferenças. “Acredito que o
imediatismo e a cultura do descartável colaboram para esse comportamento. As
pessoas querem as coisas prontas, de imediato. Se esquecem de que em qualquer
relacionamento é preciso haver investimento e que ele será construído dia a
dia, ação por ação”, afirma.
Entenda
o que acontece e saiba no que você pode melhorar para se abrir a novas relações.
Falta de comprometimento
“Parece
que hoje em dia os homens não querem ficar com uma pessoa só, eles perdem o
interesse muito rápido”, conta Agnes Gomes, de 36 anos. A especialista concorda
com ela. “Hoje em dia tudo é muito fácil, sem compromissos. As pessoas não
querem se prender por algo que podem ter sem responsabilidades”, diz.
Fábio Coloda,
de 23 anos, revela que vê mais mulheres que querem curtir a noite em baladas
com as amigas, beber e dançar, do que buscando algo sério com alguém. E
enquanto os homens reclamam de um lado, as mulheres reclamam do outro. "99%
dos caras que eu tenho me envolvido querem curtir e aproveitar, sem assumir
nenhum compromisso", conta Vanessa Gomes, de 21 anos.
Quero do meu jeito
“Atualmente
as pessoas se sentem mais a vontade para manifestar seus desejos e pensamentos.
Opiniões e atitudes antes veladas, hoje são escancaradas. Isso pode parecer
negativo, mas transparecer as preferências facilita a identificação de valores.
Só se engana quem quer” afirma a especialista.
“Meu
amigos dizem que sou muito exigente, que fico esperando a mulher perfeita para
namorar. Eu concordo, um pouco. Sou bastante exigente, mas também tenho
consciência e o coração aberto para deixar rolar”, conta Fábio.
A
especialista acredita que as pessoas procuram alguém para completá-la, mas
acabam tentando transformar o outro em uma cópia de si mesmo. “Percebo é que a
tolerância aos defeitos é algo cada vez menos praticado”.
Á procura da pessoa perfeita
Antes
de descartar um relacionamento com alguém, é interessante tentar entender
porque as coisas o incomodam. “Quase sempre aquilo com o que nos irritamos no
outro é algo que devemos melhorar em nós mesmos. O que vemos como defeito
muitas vezes é o que nos falta”, conta a especialista.
Alan Casare,
de 21 anos, acredita que até o momento não encontrou uma namorada ideal justamente
por esperar que ela siga a risca todos os preceitos que estabelece. Vanessa
admite que talvez não tenha tido paciência com homens confusos. A verdade é que
ninguém se sente atraído por defeitos. “Se alguém lhe chamou a atenção com
certeza tem qualidades, então as valorize. Não pense em mudar o outro. Cada um deve
mudar pelo próprio reconhecimento. Quem quer transformar o outro não o ama, ama
a si próprio”.
Esse defeito eu não aguento
"Acho
complicado tolerar a falsidade, pois interfere diretamente no ponto crucial de
um relacionamento, que é a confiança. Sem confiança não existe a menor
possibilidade de dar certo", conta Fábio. Já Agnes não suporta grosserias ou falta de educação. "Quero
um homem responsável que respeite a mim e ao meu filho", diz. A psicóloga indica
que as pessoas estejam atentas. “Se o que você chama de defeito é falta de
caráter ou valores muito diferentes dos seus, é melhor procurar alguém mais compatível”.
Vale a pena tentar?
“Faça um
check-list. Anote em um papel o que você valoriza e cheque com as qualidades da
pessoa, você pode se surpreender. E ao se deparar com algum ‘defeito’, coloque-o
na balança. As qualidades somadas podem fazer valer a pena”, diz a psicóloga.
Antes
de estabelecer as características da pessoa que você procura é preciso se
conhecer, saber quais são as suas necessidades e anseios. “Procuro alguém que
me transforme no melhor que eu possa ser e desejo fazer o mesmo por ela. Relacionamento
é ter um porto seguro em outra pessoa", diz Fábio.
Seja verdadeiro
A
especialista indica que durante um encontro as pessoas sejam sinceras e não
criem personagens para si mesmos, para que haja uma identificação verdadeira. “Aquele
velho papo de ‘estamos nos conhecendo’ ainda é a melhor maneira de perceber se
a outra parte está interessada em algo sério”, conta Alan.
Será que eu fico sozinho?
Vanessa,
Alan e Fábio acreditam que estar sozinho representa uma felicidade incompleta,
diferente de Agnes. “Estou solteira há um tempo e se não encontrar alguém que
se encaixe no que eu quero, acredito que é melhor ficar só”, conta.
A
especialista indica que nestes casos as pessoas refinem e aprimorem a sua
procura, sem necessariamente esperar por alguém perfeito. “Amar é enxergar os
defeitos e ainda assim acreditar que vale a pena. Até por que quem não vê
defeitos é um apaixonado e a paixão é passageira. Todos são livres para fazer as
suas escolhas, sejam elas quais forem, inclusive a de não se relacionar com
ninguém. O importante é ser feliz”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário