sexta-feira, 7 de junho de 2013

Onde está a minha cara metade?

Publicada na edição de 7 a 13 de junho de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.



Homens e mulheres reclamam que faltam pessoas do sexo oposto para se relacionar. Afinal, o que está acontecendo?


A psicóloga e especialista em relacionamentos, doutora Ana Beatriz Cintra acredita que cada vez mais as pessoas estão críticas em relação aos defeitos dos outros e não toleram as diferenças. “Acredito que o imediatismo e a cultura do descartável colaboram para esse comportamento. As pessoas querem as coisas prontas, de imediato. Se esquecem de que em qualquer relacionamento é preciso haver investimento e que ele será construído dia a dia, ação por ação”, afirma.
Entenda o que acontece e saiba no que você pode melhorar para se abrir a novas relações.

Falta de comprometimento
“Parece que hoje em dia os homens não querem ficar com uma pessoa só, eles perdem o interesse muito rápido”, conta Agnes Gomes, de 36 anos. A especialista concorda com ela. “Hoje em dia tudo é muito fácil, sem compromissos. As pessoas não querem se prender por algo que podem ter sem responsabilidades”, diz.
Fábio Coloda, de 23 anos, revela que vê mais mulheres que querem curtir a noite em baladas com as amigas, beber e dançar, do que buscando algo sério com alguém. E enquanto os homens reclamam de um lado, as mulheres reclamam do outro. "99% dos caras que eu tenho me envolvido querem curtir e aproveitar, sem assumir nenhum compromisso", conta Vanessa Gomes, de 21 anos.

Quero do meu jeito
“Atualmente as pessoas se sentem mais a vontade para manifestar seus desejos e pensamentos. Opiniões e atitudes antes veladas, hoje são escancaradas. Isso pode parecer negativo, mas transparecer as preferências facilita a identificação de valores. Só se engana quem quer” afirma a especialista.
“Meu amigos dizem que sou muito exigente, que fico esperando a mulher perfeita para namorar. Eu concordo, um pouco. Sou bastante exigente, mas também tenho consciência e o coração aberto para deixar rolar”, conta Fábio.
A especialista acredita que as pessoas procuram alguém para completá-la, mas acabam tentando transformar o outro em uma cópia de si mesmo. “Percebo é que a tolerância aos defeitos é algo cada vez menos praticado”.

Á procura da pessoa perfeita
Antes de descartar um relacionamento com alguém, é interessante tentar entender porque as coisas o incomodam. “Quase sempre aquilo com o que nos irritamos no outro é algo que devemos melhorar em nós mesmos. O que vemos como defeito muitas vezes é o que nos falta”, conta a especialista.
Alan Casare, de 21 anos, acredita que até o momento não encontrou uma namorada ideal justamente por esperar que ela siga a risca todos os preceitos que estabelece. Vanessa admite que talvez não tenha tido paciência com homens confusos. A verdade é que ninguém se sente atraído por defeitos. “Se alguém lhe chamou a atenção com certeza tem qualidades, então as valorize. Não pense em mudar o outro. Cada um deve mudar pelo próprio reconhecimento. Quem quer transformar o outro não o ama, ama a si próprio”.

Esse defeito eu não aguento
"Acho complicado tolerar a falsidade, pois interfere diretamente no ponto crucial de um relacionamento, que é a confiança. Sem confiança não existe a menor possibilidade de dar certo", conta Fábio. Já Agnes não suporta grosserias ou falta de educação. "Quero um homem responsável que respeite a mim e ao meu filho", diz. A psicóloga indica que as pessoas estejam atentas. “Se o que você chama de defeito é falta de caráter ou valores muito diferentes dos seus, é melhor procurar alguém mais compatível”.

Vale a pena tentar?
“Faça um check-list. Anote em um papel o que você valoriza e cheque com as qualidades da pessoa, você pode se surpreender. E ao se deparar com algum ‘defeito’, coloque-o na balança. As qualidades somadas podem fazer valer a pena”, diz a psicóloga.
Antes de estabelecer as características da pessoa que você procura é preciso se conhecer, saber quais são as suas necessidades e anseios. “Procuro alguém que me transforme no melhor que eu possa ser e desejo fazer o mesmo por ela. Relacionamento é ter um porto seguro em outra pessoa", diz Fábio.

Seja verdadeiro
A especialista indica que durante um encontro as pessoas sejam sinceras e não criem personagens para si mesmos, para que haja uma identificação verdadeira. “Aquele velho papo de ‘estamos nos conhecendo’ ainda é a melhor maneira de perceber se a outra parte está interessada em algo sério”, conta Alan.

Será que eu fico sozinho?
Vanessa, Alan e Fábio acreditam que estar sozinho representa uma felicidade incompleta, diferente de Agnes. “Estou solteira há um tempo e se não encontrar alguém que se encaixe no que eu quero, acredito que é melhor ficar só”, conta.
A especialista indica que nestes casos as pessoas refinem e aprimorem a sua procura, sem necessariamente esperar por alguém perfeito. “Amar é enxergar os defeitos e ainda assim acreditar que vale a pena. Até por que quem não vê defeitos é um apaixonado e a paixão é passageira. Todos são livres para fazer as suas escolhas, sejam elas quais forem, inclusive a de não se relacionar com ninguém. O importante é ser feliz”.









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