terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Devo levar problemas pessoais ao chefe?


Publicada na edição de 8 a 14 de fevereiro de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.




Quando a produtividade cai e o desempenho profissional é afetado, é interessante expor ao seu superior

Doenças na família, perda de entes queridos, acúmulo de dívidas ou até mesmo um divórcio. É inegável que problemas pessoais possam afetar o dia a dia no trabalho. Segundo orientações dos consultores Silvio Celestino e Laerte Cordeiro é importante que o funcionário saiba avaliar se o problema tem proporções suficientes para ser exposta ao líder e falar da maneira mais profissional possível.

Avalie a situação
Segundo Silvio Celestino, fundador da empresa Alliance Coachin especializada em Gestão de Cultura Empresarial, o funcionário deve avaliar se o seu problema precisa ser compartilhado com o chefe. “Somente as questões pessoais que estão colocando em risco seu desempenho no trabalho e que possam comprometer os objetivos da empresa ou da sua tarefa podem ser levados ao superior”. O consultor Laerte Cordeiro, especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e Carreiras, concorda: “Creio que um problema pessoal que possa levar a redução da produtividade e eficiência no trabalho seja assunto de interesse do chefe”.
Já os problemas do cotidiano, que podem ser administrados sem comprometer o dia a dia do profissional, não precisam ser comentados. “Se o problema que você está desabafando for simples e você não demonstrar domínio emocional para lidar com ele, pode levar seu superior a interpretá-lo como imaturo e prejudicar a sua imagem, pois ninguém oferece grandes responsabilidades para pessoas imaturas”, afirma Silvio Celestino.

Conheça a empresa e o seu chefe
Segundo Silvio nem todas as empresas estão preparadas para lidar com os problemas pessoais dos funcionários. E o mesmo ocorre com os chefes. É interessante observar se o líder é maduro, tem domínio emocional e se preocupa com as pessoas de sua equipe, pois esses são indícios de que ele tentará ajudar o funcionário. Segundo o especialista, caso não haja essa abertura, acaba sendo melhor lidar com a dificuldade de forma mais reservada.
“Tenha cuidado especialmente com líderes de má índole, que podem usar seu problema pessoal para manipulá-lo ou, até mesmo, o expor diante da empresa. Observe se o seu superior é aberto a esse tipo de conversa e capaz de manter temas pessoais em segredo. Se ele tiver essas características, fale sem problema”, indica Silvio.
Laerte Cordeiro esclarece o papel do chefe: “É preciso lembrar que ele não é um padre, pastor, médico, psicólogo ou conselheiro e nem sempre exerce influência positiva sobre seus funcionários. Avalie seu perfil antes de tudo”.

Como falar
Segundo os consultores, a melhor maneira de expor o problema é demonstrar maturidade. Durante a conversa o funcionário deve se mostrar como alguém que está enfrentando o problema com o objetivo de solucioná-lo e esclarecer a preocupação com as tarefas diárias. “Se julgar apropriado solicite que seja deslocado para outra tarefa, principalmente se aquela que realiza pode colocar em risco as operações, outras pessoas ou a si mesmo, devido à desatenção”, aconselha Silvio.
“Mesmo aqueles que são graves, a pessoa deve refletir qual o melhor modo de comentá-lo com o chefe. Na medida do possível não entre em detalhes pessoais, apenas relate e, se possível, estabeleça um prazo para seu fim ou dê a previsão de quando você estará administrado o problema da melhor forma possível”.

Cuidado com fofocas
O consultor Laerte Cordeiro não aconselha ao funcionário expor sua situação a algum colega da equipe. “Expor a público um problema pessoal pode não ajudar em nada. E você corre o risco de ficar exposto dali pra frente”.
Já o especialista Silvio Celestino orienta que o funcionário busque apenas por aqueles que possam ajudar com bons conselhos e orientações, talvez até compartilhando experiências parecidas. Segundo Silvio, a escolha deve ser cuidadosa e o profissional deve optar por colegas que demonstram maturidade e condições de ouvir sobre seus problemas sem causar constrangimentos.
“Não conte para todo mundo indiscriminadamente, compartilhe com o menor número de pessoas possíveis. Evite falar sobre o problema ao telefone, quando houver pessoas próximas que você não deseja que saibam sobre o que está acontecendo. Seja discreto. Uma questão particular pode facilmente se espalhar sem o seu consentimento e prejudicar sua imagem na empresa e no mercado. Seja cauteloso com as amizades no ambiente de trabalho”, aconselha Silvio.






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