sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um corpo pronto para o verão

Publicada na edição de 8 a 13 de novembro de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
A receita é simples: ter um corpo e curtir. Não caia na armadilha de pensar que você é menos porque não “está em forma”

Ah, o verão. Época de sol, praia, piscina, reunião com amigos e muita diversão. Mas, para a maioria das pessoas, é tempo também de “passar vergonha”. Afinal, quem não tem algum complexo com o próprio corpo? As mulheres se preocupam com a barriguinha, com o bumbum e com a flacidez. Os homens, com o peitoral, com os braços e também com os quilinhos extras. Por mais que a sociedade insita em dizer que você precisa de uma dieta ou de uma série de exercícios, estamos aqui para te convencer do contrário.

As “operações verão”
Academias começam a encher e surgem as promessas de regimes milagrosos. Calma lá, meu povo. Para ter o corpo certo para o verão, basta ter um corpo e curtir a estação. Não há necessidade de passar fome e nervoso só para colocar um biquíni ou uma sunga e passar ainda mais nervoso – dessa vez por conta dos olhares de reprovação das pessoas, coisa que dificilmente se pode controlar. Portanto, aceite-se. Goste de você mesmo e do seu corpo. Essa é a melhor receita para a felicidade.

Nada de dietas malucas
A jovem Gisele Pinheiro, de 22 anos, alega que nunca esteve completamente satisfeita com o seu corpo. “Quando acho que consegui perder medidas, aparecem as estrias, e quando acho que reduzi as estrias, não entro nas calças. Já fiz vários tipos de dietas malucas”, confessa.
Segundo a psicóloga Cláudia Sarti, “a opção por dietas malucas reflete o grau de desconhecimento e/ou de distanciamento de si mesmo que a pessoa vivencia. Alguém que se conhece, se gosta, se respeita e cuida de si mesmo geralmente desenvolve uma relação saudável com os alimentos e não se entrega a este tipo de apelo. O mesmo vale para o exagero na hora dos exercícios físicos”.
Gisele revela que costuma fazer um "projeto praia" algumas semanas antes de uma viagem, com massagens modeladoras e drenagem linfática, para se sentir mais magra. “Normalmente eu me sinto constrangida pela barriguinha que sobra”.

O que é bonito?
Faça um exercício e observe que as mulheres que a sociedade estabelece como exuberantes são magras, muito magras. Gisele Bundchen, Alessandra Ambrósio, Isabela Fiorentino. Mais que magras, às vezes elas atingem o patamar de super magras. A última moda é ser “supersupermagra”: ter a barriga negativa, abaixo do nível das costelas. Duas perguntas. Você acha que isso é bonito, de verdade? E a segunda: você acha que esse tipo de comportamento é saudável? Afinal, ninguém pode garantir que uma pessoa com a barriga negativa se alimente corretamente.
Se você acredita que está gordo/gorda ou feio/feia, crie o hábito de se olhar no espelho de maneira diferente. Busque enxergar as suas qualidades, os seus pontos fortes. Mantenha-se no direito de se recusar a consertar um corpo que já perfeito.

Se quiser, mude
Se sentir necessidade de mudar hábitos alimentares e de inserir exercícios físicos no seu dia a dia, o faça. Além de ser positivo para a saúde, pode reduzir alguns quilinhos e trazer mais felicidade. Mas, o faça com os pés no chão e por escolha própria, não por influência dos outros ou por medo do julgamento da sociedade.
“O cuidado com o corpo e a vaidade são essenciais. Quem não está satisfeito tem mais é que ir atrás da mudança mesmo. Todos podem decidir até que ponto as suas características te incomodam ou não. Se a decisão de mudar o corpo for tomada pelos motivos errados, o resultado tende a ser a frustração”, acredita Gisele.

Até quando?
“Hoje em dia vejo meninas de 13 anos, com o corpo ainda em formação, passando dias a base de água e meninos comentando com os amigos sobre anabolizantes. As pessoas fazem loucuras para alcançar o padrão de beleza que a sociedade adota desde cedo. Isso está intimamente ligado à falta de confiança e o medo de rejeição que todos nós temos”, acredita Gisele. E ela não está errada. É cada vez mais comum ver crianças, que deveriam se preocupar apenas com os estudos, com a diversão e com a saúde, alienadas com padrões estéticos. Infelizmente é a elas que está sendo transmitido o modelo de não aceitação do corpo dos adultos.
Em seu blog, a doutora e feminista Lola Aronovich questionou: “Será que um dia os nossos corpos deixarão de ser vigiados e punidos o tempo todo?”. Fica a dúvida.



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