Publicada na edição de 8 a 13 de novembro de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
A receita é simples: ter um corpo e
curtir. Não caia na armadilha de pensar que você é menos porque não “está em
forma”
Ah, o verão. Época de sol, praia, piscina,
reunião com amigos e muita diversão. Mas, para a maioria das pessoas, é tempo
também de “passar vergonha”. Afinal, quem não tem algum complexo com o próprio corpo?
As mulheres se preocupam com a barriguinha, com o bumbum e com a flacidez. Os
homens, com o peitoral, com os braços e também com os quilinhos extras. Por
mais que a sociedade insita em dizer que você precisa de uma dieta ou de uma
série de exercícios, estamos aqui para te convencer do contrário.
As
“operações verão”
Academias começam a encher e surgem as
promessas de regimes milagrosos. Calma lá, meu povo. Para ter o corpo certo
para o verão, basta ter um corpo e curtir a estação. Não há necessidade de
passar fome e nervoso só para colocar um biquíni ou uma sunga e passar ainda mais
nervoso – dessa vez por conta dos olhares de reprovação das pessoas, coisa que
dificilmente se pode controlar. Portanto, aceite-se. Goste de você mesmo e do
seu corpo. Essa é a melhor receita para a felicidade.
Nada
de dietas malucas
A jovem Gisele Pinheiro, de 22 anos,
alega que nunca esteve completamente satisfeita com o seu corpo. “Quando acho
que consegui perder medidas, aparecem as estrias, e quando acho que reduzi as
estrias, não entro nas calças. Já fiz vários tipos de dietas malucas”,
confessa.
Segundo a psicóloga Cláudia Sarti, “a
opção por dietas malucas reflete o grau de desconhecimento e/ou de
distanciamento de si mesmo que a pessoa vivencia. Alguém que se conhece, se
gosta, se respeita e cuida de si mesmo geralmente desenvolve uma relação
saudável com os alimentos e não se entrega a este tipo de apelo. O mesmo vale
para o exagero na hora dos exercícios físicos”.
Gisele revela que costuma fazer um
"projeto praia" algumas semanas antes de uma viagem, com massagens
modeladoras e drenagem linfática, para se sentir mais magra. “Normalmente eu me
sinto constrangida pela barriguinha que sobra”.
O
que é bonito?
Faça um exercício e observe que as
mulheres que a sociedade estabelece como exuberantes são magras, muito magras.
Gisele Bundchen, Alessandra Ambrósio, Isabela Fiorentino. Mais que magras, às
vezes elas atingem o patamar de super magras. A última moda é ser
“supersupermagra”: ter a barriga negativa, abaixo do nível das costelas. Duas
perguntas. Você acha que isso é bonito, de verdade? E a segunda: você acha que
esse tipo de comportamento é saudável? Afinal, ninguém pode garantir que uma
pessoa com a barriga negativa se alimente corretamente.
Se você acredita que está gordo/gorda
ou feio/feia, crie o hábito de se olhar no espelho de maneira diferente. Busque
enxergar as suas qualidades, os seus pontos fortes. Mantenha-se no direito de
se recusar a consertar um corpo que já perfeito.
Se
quiser, mude
Se sentir necessidade de mudar
hábitos alimentares e de inserir exercícios físicos no seu dia a dia, o faça.
Além de ser positivo para a saúde, pode reduzir alguns quilinhos e trazer mais
felicidade. Mas, o faça com os pés no chão e por escolha própria, não por
influência dos outros ou por medo do julgamento da sociedade.
“O cuidado com o corpo e a vaidade
são essenciais. Quem não está satisfeito tem mais é que ir atrás da mudança
mesmo. Todos podem decidir até que ponto as suas características te incomodam
ou não. Se a decisão de mudar o corpo for tomada pelos motivos errados, o
resultado tende a ser a frustração”, acredita Gisele.
Até
quando?
“Hoje em dia vejo meninas de 13 anos,
com o corpo ainda em formação, passando dias a base de água e meninos
comentando com os amigos sobre anabolizantes. As pessoas fazem loucuras para
alcançar o padrão de beleza que a sociedade adota desde cedo. Isso está
intimamente ligado à falta de confiança e o medo de rejeição que todos nós
temos”, acredita Gisele. E ela não está errada. É cada vez mais comum ver
crianças, que deveriam se preocupar apenas com os estudos, com a diversão e com
a saúde, alienadas com padrões estéticos. Infelizmente é a elas que está sendo
transmitido o modelo de não aceitação do corpo dos adultos.
Em seu blog, a doutora e feminista Lola
Aronovich questionou: “Será que um dia os nossos corpos deixarão de ser vigiados
e punidos o tempo todo?”. Fica a dúvida.
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