sexta-feira, 24 de maio de 2013

A problemática dos carros rebaixados


Publicada na edição de 24 a 30 de maio de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.


Há quem diga que “o chão é o limite”. Mas afinal, vale a pena alterar a suspensão original do veículo?

Para rebaixar um automóvel é preciso trocar o seu sistema de suspensão, cortar ou condicionar peças – como molas e amortecedores – para que ele fique mais próximo ao chão. A suspensão é o que garante o conforto aos passageiros e tornam imperceptíveis as oscilações que o veículo sofre quando está em movimento, passando buracos ou quebra-molas.
Especialistas alegam que alterar a suspensão original pode comprometer a estabilidade e a própria a estrutura do automóvel, e os danos causados podem ser irreversíveis. Os amantes da modalidade defendem que tudo depende das condições de uso e dos cuidados tomados pelo motorista. O assunto é polêmico.

A lei permite rebaixar?
O artigo 6º da resolução 292 do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) explica que se houver a troca do sistema de suspensão é necessário atualizar o Certificado de Registro de Veículo (CRV) e o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) com a nova altura do automóvel. A lei especifica apenas que não é permitido o uso de sistemas de suspensão com regulagem de altura.
Éric Viana, da empresa Legalize o Seu Veículo, explica o processo para a regularização: “A pessoa deve solicitar no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) uma autorização para modificar a suspensão do automóvel. Com a autorização em mãos, faz as mudanças e leva o carro ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que realizará testes nas novas condições. Com o laudo positivo do Inmetro é só voltar ao Detran e atualizar os documentos”.

Tudo pelo visual
“Tem gente que é fanático por carros e tem gente que usa o carro pela comodidade. Eu sou apaixonado, do tipo que fica horas lavando e polindo. Eu gosto do estilo rebaixado e vou morrer gostando”, conta Marcel Roque de 32 anos, adepto a modalidade desde os 18.
Genivaldo Bezerra, especialista em automóveis, acredita que as pessoas fazem isso por gostar de ver o veículo perto do chão. “Só pode ser por conta da estética, por que nenhum beneficio é agregado ao carro. Ele não anda mais rápido, não economiza combustível e nem fica mais confortável. Pelo contrário, é depreciado”.

Como se rebaixa um carro?
Marcel explica que há quatro maneiras de se rebaixar um veículo: cortando pedaços das molas, utilizando sistemas de suspensão a ar, a rosca ou o sistema de suspensão fixa.
“Cortar as molas é o jeito mais barato, pois a pessoa pode fazer em casa. Mas é o que mais prejudica a estrutura e deixa o veículo duro. As suspensões a rosca e a ar permitem variar a altura do carro conforme a situação e a suspensão fixa é a única aceita por lei”, conta Marcel.
O especialista em automóveis explica que as suspensões que permitem levantar e abaixar a altura do carro são muito utilizadas por aqueles que querem, ao pegar uma rodovia, por exemplo, “enganar” as autoridades. “E esse nem é o principal problema. Ao rebaixar a pessoa mexe nas características originais do veículo, que são as ideais para a direção segura. A suspensão é projetada conforme o modelo do carro e não deve ser modificada”.

O carro pode "rachar"?
“Sem a ação correta dos amortecedores a estrutura sofre muitos impactos e pode não aguentar. Com o tempo a estrutura do carro é comprometida e pode acabar quebrando. Isso sem contar o desconforto. Uma pessoa operada jamais pode sair do hospital e ir pra casa em carro rebaixado, por que pula muito. Iria abrir os pontos”, brinca o especialista.
Marcel conta que o motorista de um veículo nessas condições precisa ter cuidado e dirigir com cautela. “Eu gosto do meu carro assim e dirijo com consciência das limitações. Vejo muitos meninos que dizem que quando completarem 18 anos vão comprar um carro e rebaixar também. Ser diferente é exatamente o que nós queremos. Sair do básico, se destacar”.

Dá pra levantar novamente?
“Quem cortou ou trocou as peças pode comprar novas e colocar de volta. Comumente isso é feito na hora de vender, por que é complicado ‘passar pra frente’ um carro nessas condições. Mas recolocar peças boas não elimina os danos causados à estrutura do veículo”, ressalta o especialista.





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