Publicada
na edição de 24 a 30 de maio de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC
Comunicações Ltda.
Há quem diga que “o chão é o limite”. Mas
afinal, vale a pena alterar a suspensão original do veículo?
Para rebaixar um automóvel é preciso
trocar o seu sistema de suspensão, cortar ou condicionar peças – como molas e
amortecedores – para que ele fique mais próximo ao chão. A suspensão é o que
garante o conforto aos passageiros e tornam imperceptíveis as oscilações que o
veículo sofre quando está em movimento, passando buracos ou quebra-molas.
Especialistas alegam que alterar a
suspensão original pode comprometer a estabilidade e a própria a estrutura do
automóvel, e os danos causados podem ser irreversíveis. Os amantes da
modalidade defendem que tudo depende das condições de uso e dos cuidados
tomados pelo motorista. O assunto é polêmico.
A
lei permite rebaixar?
O artigo 6º
da resolução 292 do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) explica que se
houver a troca do sistema de suspensão é necessário atualizar o Certificado de
Registro de Veículo (CRV) e o Certificado de Registro e Licenciamento de
Veículo (CRLV) com a nova altura do automóvel. A lei especifica apenas que não é
permitido o uso de sistemas de suspensão com regulagem de altura.
Éric Viana,
da empresa Legalize o Seu Veículo, explica o processo para a regularização: “A
pessoa deve solicitar no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) uma
autorização para modificar a suspensão do automóvel. Com a autorização em mãos,
faz as mudanças e leva o carro ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia), que realizará testes nas novas condições. Com o laudo
positivo do Inmetro é só voltar ao Detran e atualizar os documentos”.
Tudo
pelo visual
“Tem gente que é fanático por carros e
tem gente que usa o carro pela comodidade. Eu sou apaixonado, do tipo que fica
horas lavando e polindo. Eu gosto do estilo rebaixado e vou morrer gostando”, conta
Marcel Roque de 32 anos, adepto a modalidade desde os 18.
Genivaldo Bezerra, especialista em
automóveis, acredita que as pessoas fazem isso por gostar de ver o veículo
perto do chão. “Só pode ser por conta da estética, por que nenhum beneficio é
agregado ao carro. Ele não anda mais rápido, não economiza combustível e nem
fica mais confortável. Pelo contrário, é depreciado”.
Como
se rebaixa um carro?
Marcel explica que há quatro maneiras
de se rebaixar um veículo: cortando pedaços das molas, utilizando sistemas de
suspensão a ar, a rosca ou o sistema de suspensão fixa.
“Cortar as molas é o jeito mais barato,
pois a pessoa pode fazer em casa. Mas é o que mais prejudica a estrutura e
deixa o veículo duro. As suspensões a rosca e a ar permitem variar a altura do
carro conforme a situação e a suspensão fixa é a única aceita por lei”, conta
Marcel.
O especialista em automóveis explica que
as suspensões que permitem levantar e abaixar a altura do carro são muito utilizadas
por aqueles que querem, ao pegar
uma rodovia, por exemplo, “enganar” as autoridades. “E esse nem é o principal problema.
Ao rebaixar a pessoa mexe nas características originais do veículo, que são as
ideais para a direção segura. A suspensão é projetada conforme o modelo do carro
e não deve ser modificada”.
O
carro pode "rachar"?
“Sem a ação correta dos amortecedores a
estrutura sofre muitos impactos e pode não aguentar. Com o tempo a estrutura do
carro é comprometida e pode acabar quebrando. Isso sem contar o desconforto.
Uma pessoa operada jamais pode sair do hospital e ir pra casa em carro
rebaixado, por que pula muito. Iria abrir os pontos”, brinca o especialista.
Marcel conta que o motorista de um
veículo nessas condições precisa ter cuidado e dirigir com cautela. “Eu gosto
do meu carro assim e dirijo com consciência das limitações. Vejo muitos meninos
que dizem que quando completarem 18 anos vão comprar um carro e rebaixar
também. Ser diferente é exatamente o que nós queremos. Sair do básico, se destacar”.
Dá
pra levantar novamente?
“Quem cortou ou trocou as peças pode comprar
novas e colocar de volta. Comumente isso é feito na hora de vender, por que é
complicado ‘passar pra frente’ um carro nessas condições. Mas recolocar peças
boas não elimina os danos causados à estrutura do veículo”, ressalta o
especialista.
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