Publicada na edição de 14 a 20 de dezembro de 2012 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
Segundo lei já aprovada, prazo para início do tratamento começa a contar a partir da data do diagnóstico
Segundo lei já aprovada, prazo para início do tratamento começa a contar a partir da data do diagnóstico
Foi
aprovada no final do mês passado, a lei que determina que SUS (Sistema Único de
Saúde) inicie o tratamento em pacientes com câncer no período máximo de dois
meses após o diagnóstico. A lei entrará em vigor em maio de 2013, seis meses
após sua publicação no Diário Oficial da União.
Em
entrevista concedida ao Jornal do Trem & Folha do Ônibus, a assessoria de
imprensa do Ministério da Saúde explica que o país se beneficiará com a data
limite imposta pela lei.
Iniciativa
A
Lei 12732/12 é de iniciativa do ex-senador Osmar Dias e foi ampliada na Câmara
dos Deputados. A relatora do projeto, a senadora Ana Amélia (PP-RS), afirmou em
pronunciamento no Plenário que "hoje o SUS gasta em média seis meses (para
atender aos pacientes). Eu tenho dito que isso é uma espécie de 'atestado de
óbito', pois dependendo do tipo de câncer esse atendimento é muito tardio e as
chances de cura são reduzidas".
Tempo de espera
O
Ministério da Saúde avalia que o atual tempo de espera para atendimento depende
de cada unidade hospitalar. “O tempo para o início do tratamento do câncer está
diretamente relacionado à capacidade de cada serviço em cada cidade que dispõe
de unidades especializadas”, explica Ubirajara Rodrigues, assessor de imprensa
do Ministério.
Segundo
a Secretaria de Estado da Saúde pacientes com câncer têm direito a cirurgias,
quimioterapia, radioterapia, medicamentos e também cuidados paliativos.
Quanto antes, melhor
O
momento em que a doença é diagnosticada é fundamental para o tratamento, que, quanto
antes for iniciado, melhor. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer) a possibilidade
de cura para alguns tipos de cânceres é maior quando diagnosticado cedo e os procedimentos
tendem a serem menos cansativos ao paciente.
O
doutor Fábio Guilherme Campos, membro da diretoria da Abrapreci (Associação
Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino) acredita que a agilidade é importante.
"Em casos de câncer do intestino, um atraso no tratamento pode gerar um
quadro de obstrução intestinal", informa.
Investimentos
Segundo
o Ministério da Saúde os investimentos na área oncológica
(especialidade médica direcionada a tumores) devem chegar a R$
2,4 bilhões para procedimentos hospitalares, tratamentos e cirurgias até o
final do ano. Cerca de R$ 200 milhões a mais do valor investido no ano passado.
Para
atender as exigências da nova lei o Ministério afirma: “Estimativas de novos
gastos não são factíveis no momento. A lei foi sancionada há pouco tempo e os
gestores terão seis meses para se preparar”.
Contra o tempo
Quando
houve a suspeita da doença Andressa Cristina, 21 anos, não procurou o SUS.
Recorreu a um hospital particular em que tem confiança. “Fiz isso porque tenho
convênio e por que acho que os profissionais são mais atenciosos e dedicados” conta.
Neste
hospital, Andressa foi diagnosticada com leucemia e o tratamento começou no
mesmo dia. “O exame foi confirmado na parte da manhã e à tarde já foi iniciado
o procedimento. Naquela mesma noite iniciei o primeiro ciclo de quimioterapia”.
Em sua opinião, o prazo de 60 dias é alto.
“Eu
acho um desrespeito com o paciente. É muito tempo, pois eu tive leucemia, que é
uma doença progressiva que toma a medula óssea em questão de dias, levando o
paciente a morte. Meu médico disse que se eu tivesse demorado mais alguns dias (para
iniciar o tratamento) teria morrido em casa. Ou seja, o câncer não respeita e
não obedece nenhum pedido para aguardar”, esclarece Andressa que hoje está curada.
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