quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

SUS tem até 60 dias para tratar câncer


Publicada na edição de 14 a 20 de dezembro de 2012 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.


Segundo lei já aprovada, prazo para início do tratamento começa a contar a partir da data do diagnóstico

Foi aprovada no final do mês passado, a lei que determina que SUS (Sistema Único de Saúde) inicie o tratamento em pacientes com câncer no período máximo de dois meses após o diagnóstico. A lei entrará em vigor em maio de 2013, seis meses após sua publicação no Diário Oficial da União.
Em entrevista concedida ao Jornal do Trem & Folha do Ônibus, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde explica que o país se beneficiará com a data limite imposta pela lei.

Iniciativa
A Lei 12732/12 é de iniciativa do ex-senador Osmar Dias e foi ampliada na Câmara dos Deputados. A relatora do projeto, a senadora Ana Amélia (PP-RS), afirmou em pronunciamento no Plenário que "hoje o SUS gasta em média seis meses (para atender aos pacientes). Eu tenho dito que isso é uma espécie de 'atestado de óbito', pois dependendo do tipo de câncer esse atendimento é muito tardio e as chances de cura são reduzidas".

Tempo de espera
O Ministério da Saúde avalia que o atual tempo de espera para atendimento depende de cada unidade hospitalar. “O tempo para o início do tratamento do câncer está diretamente relacionado à capacidade de cada serviço em cada cidade que dispõe de unidades especializadas”, explica Ubirajara Rodrigues, assessor de imprensa do Ministério.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde pacientes com câncer têm direito a cirurgias, quimioterapia, radioterapia, medicamentos e também cuidados paliativos.

Quanto antes, melhor
O momento em que a doença é diagnosticada é fundamental para o tratamento, que, quanto antes for iniciado, melhor. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer) a possibilidade de cura para alguns tipos de cânceres é maior quando diagnosticado cedo e os procedimentos tendem a serem menos cansativos ao paciente.
O doutor Fábio Guilherme Campos, membro da diretoria da Abrapreci (Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino) acredita que a agilidade é importante. "Em casos de câncer do intestino, um atraso no tratamento pode gerar um quadro de obstrução intestinal", informa.

Investimentos
Segundo o Ministério da Saúde os investimentos na área oncológica (especialidade médica direcionada a  tumores) devem chegar a R$ 2,4 bilhões para procedimentos hospitalares, tratamentos e cirurgias até o final do ano. Cerca de R$ 200 milhões a mais do valor investido no ano passado.
Para atender as exigências da nova lei o Ministério afirma: “Estimativas de novos gastos não são factíveis no momento. A lei foi sancionada há pouco tempo e os gestores terão seis meses para se preparar”. 

Contra o tempo
Quando houve a suspeita da doença Andressa Cristina, 21 anos, não procurou o SUS. Recorreu a um hospital particular em que tem confiança. “Fiz isso porque tenho convênio e por que acho que os profissionais são mais atenciosos e dedicados” conta.
Neste hospital, Andressa foi diagnosticada com leucemia e o tratamento começou no mesmo dia. “O exame foi confirmado na parte da manhã e à tarde já foi iniciado o procedimento. Naquela mesma noite iniciei o primeiro ciclo de quimioterapia”. Em sua opinião, o prazo de 60 dias é alto.
“Eu acho um desrespeito com o paciente. É muito tempo, pois eu tive leucemia, que é uma doença progressiva que toma a medula óssea em questão de dias, levando o paciente a morte. Meu médico disse que se eu tivesse demorado mais alguns dias (para iniciar o tratamento) teria morrido em casa. Ou seja, o câncer não respeita e não obedece nenhum pedido para aguardar”, esclarece Andressa que hoje está curada.






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