quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A abstenção do voto não muda o país

Publicada na edição de 24 a 30 de outubro de 2014 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.

Votar branco ou nulo é um direito eleitoral, porém não muda o fato de que Dilma ou Aécio governará o país


Candidatos derrotados na disputa pela Presidência da República se dividiram no segundo turno, alguns manifestando apoio a Dilma Rousseff ou a Aécio Neves e outros aconselhando os seus eleitores a votarem em branco ou nulo.
“Em geral, os partidos derrotados tendem a ‘puxar’ votos de acordo com as recomendações que fazem àqueles que compartilham de suas ideologias”, explica o cientista político Lúcio Flávio de Almeida.
Porém, aos eleitores que não pretendem votar segundo o posicionamento do partido ou candidato que votou no primeiro turno, é indicada a análise dos candidatos que estão na disputa.
“Como o voto é obrigatório, a atitude ideal seria escolher um dos candidatos, levando em conta o que se espera do governo para os próximos quatro anos. Quem vê pouca ou nenhuma diferença entre eles pode comparar as propostas e entender suas distintas formas de governo”, opina o cientista Hilton Fernandes.
Votar branco ou nulo, porém, é um direito do eleitor. “Se a pessoa está bem informada sobre os dois candidatos e deseja protestar ou manifestar o seu conformismo com as eleições, ela tende a votar em branco. Se, por outro lado, ela está mal informada ou deixou para decidir na última hora e não conseguiu, ela também tende a recorrer a esse tipo de voto”, explica Lúcio Flávio.

Brancos e nulos
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os votos brancos e nulos não são considerados nas eleições. Eles são divulgados apenas como dados estatísticos. “Na prática, não transmitem nenhuma mensagem, independente das intenções do eleitor”, acredita Hilton Fernandes.
O TSE esclarece que o voto em branco representa que o eleitor não tem preferência por nenhum dos candidatos e transmite uma ideia de conformismo. Já o nulo corresponde à anulação do voto, o que pode ser considerado um protesto.
Segundo o ultimo índice Datafolha, Dilma tem 52% das intenções de voto e Aécio, 48%, uma diferença relativamente pequena, o que torna ainda mais importante a decisão de alguém que a principio pretenda anular o voto ou votar em branco. “Esse grupo pode decidir a eleição”, acredita Lúcio Flávio.

Na hora de escolher
De forma mais facilitada do que no primeiro turno, o eleitor pode agora confrontar as propostas dos dois candidatos e refletir sobre qual deles representa, mesmo que de forma pequena, a defesa de seus interesses e anseios sociais.
Para a cientista política Maria do Socorro Braga, a orientação àqueles que não desejam votar anular o voto ou votar em branco é votar no candidato que considera “menos pior”, considerando que um deles governará o país pelos próximos quatro anos.
Hilton Fernandes lembra que o candidato eleito terá “obrigações e responsabilidades perante todos os brasileiros”, mesmo com aqueles que anularam o voto, votaram em branco ou no candidato derrotado.
Cabe aos eleitores acompanhar essa próxima gestão.

Na opinião de Maria do Socorro, aqueles que não fiscalizarem e cobrarem resultados da gestão do candidato eleito “terão menor chance de ter os seus interesses atendidos”.

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