Quando
a música torna-se o ‘ganha pão’
Conheça dicas de produtores e
depoimentos de artistas para lançar-se e manter-se no ramo com segurança
Segundo dados do Ministério da Cultura,
há bandas musicais em mais da metade dos municípios brasileiros. Na capital
paulista, porém, apenas 4,6% da população tem o hábito de sair de casa para
assistir a shows pagos. Portanto, para conseguir uma renda boa e fixa, e sucesso
profissional no ramo da musica é necessário ter dedicação, flexibilidade e persistência,
segundo especialistas.
“Mesmo com as dificuldades, afirmo que
vale a pena correr atrás de um sonho”, diz o vocalista da banda Vinho Vinil,
Sãozinho. Após 13 anos de estrada, a banda, que mistura rock e MPB, está
prestes a lançar seu primeiro DVD. “Olhando para trás, vemos que passar por
algumas dificuldades foi um privilégio. Assim, aprendemos o valor das nossas
conquistas”, analisa.
Desenvolvimento
Segundo o produtor musical Marco Santos,
buscar o aperfeiçoamento técnico e aprimorar a musicalidade é o mínimo que o
artista deve fazer. “É preciso saber cantar ou tocar de verdade, ter presença
de palco e domínio sobre o que faz – e tudo isso se adquire com a prática”,
aponta.
Manter uma poupança é a segunda
indicação do produtor. “É interessante que o músico tenha uma reserva de
dinheiro que o permita se manter por até um ano, caso passe por uma fase ruim”,
orienta. E, por último, Marco Santos acredita que é interessante que o
profissional atue de maneira diversificada. O músico Rafael Alegre, 28, por
exemplo, toca e canta em bares, ministra aulas de canto e violão, e faz preparação
vocal para companhias de teatro.
“Cresci ouvindo pessoas dizerem que o músico
passa fome, e eu não queria isso pra mim. Graduei-me em publicidade, admirando a
coragem daqueles que se lançavam na carreira musical. Demorei, mas desde que
comecei, jamais pensei em voltar atrás. Todo o esforço vale a pena quando se
faz aquilo que ama”, conta Rafael.
Persistência
As principais dificuldades costumam
surgir logo no início na carreira. A banda mineira Vinho Vinil colocou o pé na
estrada e se estabeleceu em São Paulo “aos trancos e barrancos”. A história do
grupo tem direito a calote, sequestro e assalto. “Chegamos a nos apresentar em troca
de pizza para garantir a sobrevivência na capital paulista”, revela Sãozinho.
Todo o primeiro álbum da banda, “O
homem que sabia voar”, foi gravado em casa. No início da faixa Cipó, por
exemplo, é possível ouvir um arranjo gravado com a água caindo do chuveiro.
“Fiquei horas buscando um ritmo, mas não consegui. Então decidi tomar banho, e
percebi que o som do chuveiro era o que eu queria. Mais doido que eu, só o Léo
(guitarrista), que curtiu e gravou na hora”, lembra o vocalista.
Para o produtor Marco Santos, a garra e
o empreendedorismo são cruciais. “Minha dica é: produza o seu disco com a melhor
qualidade possível e caia na estrada por conta própria, com a intenção de
conquistar o seu público – afinal, sem ele, nem adianta conseguir uma
gravadora”, comenta.
Comprometimento
“Aquele que só quer ficar famoso ou ‘tirar
uma onda’ de cantor vai se decepcionar nessa área”, alerta o produtor musical Mario
Bastos. “Quem quer viver de música tem que ter a certeza de que esse é o seu
caminho”, fala.
Com aperfeiçoamento, diversificação e
relações sólidas com fãs e parceiros, a carreira tende a deslanchar. “Assim
como em qualquer outra área, ter bons relacionamentos pode abrir portas”, indica
Mario Bastos.
Mais do que parceiros, Sãozinho, da
Vinho Vinil, trata como “anjos” aqueles que ajudaram a banda – amigos, fãs e
investidores. “Muitas vezes pensamos em desistir, mas algum ‘anjo’ vinha com
uma oportunidade, uma ajuda. Ninguém faz nada sozinho”, reflete o vocalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário