quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Músico: profissão árdua e prazerosa

Quando a música torna-se o ‘ganha pão’

Conheça dicas de produtores e depoimentos de artistas para lançar-se e manter-se no ramo com segurança

Segundo dados do Ministério da Cultura, há bandas musicais em mais da metade dos municípios brasileiros. Na capital paulista, porém, apenas 4,6% da população tem o hábito de sair de casa para assistir a shows pagos. Portanto, para conseguir uma renda boa e fixa, e sucesso profissional no ramo da musica é necessário ter dedicação, flexibilidade e persistência, segundo especialistas.
“Mesmo com as dificuldades, afirmo que vale a pena correr atrás de um sonho”, diz o vocalista da banda Vinho Vinil, Sãozinho. Após 13 anos de estrada, a banda, que mistura rock e MPB, está prestes a lançar seu primeiro DVD. “Olhando para trás, vemos que passar por algumas dificuldades foi um privilégio. Assim, aprendemos o valor das nossas conquistas”, analisa.

Desenvolvimento
Segundo o produtor musical Marco Santos, buscar o aperfeiçoamento técnico e aprimorar a musicalidade é o mínimo que o artista deve fazer. “É preciso saber cantar ou tocar de verdade, ter presença de palco e domínio sobre o que faz – e tudo isso se adquire com a prática”, aponta.
Manter uma poupança é a segunda indicação do produtor. “É interessante que o músico tenha uma reserva de dinheiro que o permita se manter por até um ano, caso passe por uma fase ruim”, orienta. E, por último, Marco Santos acredita que é interessante que o profissional atue de maneira diversificada. O músico Rafael Alegre, 28, por exemplo, toca e canta em bares, ministra aulas de canto e violão, e faz preparação vocal para companhias de teatro.
“Cresci ouvindo pessoas dizerem que o músico passa fome, e eu não queria isso pra mim. Graduei-me em publicidade, admirando a coragem daqueles que se lançavam na carreira musical. Demorei, mas desde que comecei, jamais pensei em voltar atrás. Todo o esforço vale a pena quando se faz aquilo que ama”, conta Rafael.

Persistência
As principais dificuldades costumam surgir logo no início na carreira. A banda mineira Vinho Vinil colocou o pé na estrada e se estabeleceu em São Paulo “aos trancos e barrancos”. A história do grupo tem direito a calote, sequestro e assalto. “Chegamos a nos apresentar em troca de pizza para garantir a sobrevivência na capital paulista”, revela Sãozinho.
Todo o primeiro álbum da banda, “O homem que sabia voar”, foi gravado em casa. No início da faixa Cipó, por exemplo, é possível ouvir um arranjo gravado com a água caindo do chuveiro. “Fiquei horas buscando um ritmo, mas não consegui. Então decidi tomar banho, e percebi que o som do chuveiro era o que eu queria. Mais doido que eu, só o Léo (guitarrista), que curtiu e gravou na hora”, lembra o vocalista.
Para o produtor Marco Santos, a garra e o empreendedorismo são cruciais. “Minha dica é: produza o seu disco com a melhor qualidade possível e caia na estrada por conta própria, com a intenção de conquistar o seu público – afinal, sem ele, nem adianta conseguir uma gravadora”, comenta.

Comprometimento
“Aquele que só quer ficar famoso ou ‘tirar uma onda’ de cantor vai se decepcionar nessa área”, alerta o produtor musical Mario Bastos. “Quem quer viver de música tem que ter a certeza de que esse é o seu caminho”, fala.
Com aperfeiçoamento, diversificação e relações sólidas com fãs e parceiros, a carreira tende a deslanchar. “Assim como em qualquer outra área, ter bons relacionamentos pode abrir portas”, indica Mario Bastos.

Mais do que parceiros, Sãozinho, da Vinho Vinil, trata como “anjos” aqueles que ajudaram a banda – amigos, fãs e investidores. “Muitas vezes pensamos em desistir, mas algum ‘anjo’ vinha com uma oportunidade, uma ajuda. Ninguém faz nada sozinho”, reflete o vocalista.

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