Publicada na edição de 22 a 28 de
agosto de 2014 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
Proposta na Câmara pretende diminuir a jornada
semanal para 40 horas. Para muitos, redução favorece a produtividade
Carlos Slim, o homem mais rico do
mundo, e Larry Page, presidente-executivo do Google, defendem que as pessoas
deveriam trabalhar menos horas e por menos dias da semana para serem mais
felizes e produtivas. Você concorda com eles?
“Sou estagiária e trabalho apenas seis horas
por dia. Tenho tempo livre para dormir, estudar e cuidar da saúde. É muito bom,
mas não posso negar que no trabalho o tempo é curto e que muitas vezes desejo
ter algumas horas a mais para mostrar a minha capacidade e vontade de trabalhar”,
reflete a estudante de jornalismo Luana Silva.
Assim como ela, o especialista em
carreiras Sílvio Celestino acredita que o desejo de reduzir ou de aumentar a
carga horária está diretamente associado aos objetivos do profissional. “Se a
pessoa não gosta do que faz, não adianta diminuir as horas de trabalho. A
maioria dos trabalhadores demonstra estar insatisfeita, e isso acontece porque
muitos não possuem um propósito na vida profissional”, aponta.
Diminuição
da jornada
Tramita na Câmara há quase uma década a
PEC 231, proposta de emenda constitucional que diminui a carga horária semanal
de 44 para 40 horas – e também aumenta o valor da hora extra para 75% sobre o
preço da hora normal. A medida, defendida por sindicatos, é resistida por empresários.
Para Romeu Bueno de Camargo, assessor
jurídico da Fecomercio-SP, a redução da jornada pode ter impactos negativo
sobre os principais setores do mercado, a indústria e o comércio, inibindo
contratações. Isso porque nesses ramos alguém precisa estar obrigatoriamente trabalhando
em certos períodos para atender clientes ou estar na linha de produção. "Mas,
há setores que conseguem substituir a mão de obra por automação, como
montadoras de automóveis e grandes grupos econômicos", diz.
Para Sílvio Celestino, mais importante
do que reduzir a carga horária de trabalho é incentivar as pessoas a encontrar a
sua vocação, pois só assim trabalharão mais satisfeitas e felizes. “Vejo que o
Brasil precisa de mais trabalho, não de menos. Temos muito a ser desenvolvido
em termos de infraestrutura, educação, saúde, segurança, justiça e energia. Não
creio que os muitos processos ‘parados’ na Justiça, por exemplo, sejam acelerados
com todos trabalhando menos”.
Vai
um cochilo depois do almoço?
Muitos são os benefícios apontados por
médicos pelo sono após as refeições, como a restauração do corpo,
fortalecimento da memória e do coração. Tal hábito é comum em algumas cidades
europeias, locais em que comércio é praticamente interrompido no horário do
almoço.
“Eu como rápido e uso metade da minha
hora para dormir, dentro do meu carro, já que ele fica no estacionamento da
empresa” confessa a bancária Elisa Souza. “Se eu pudesse dormir em um ambiente
disponibilizado pelo banco seria bem melhor”.
Para o consultor em recursos humanos
Laerte Leite Cordeiro é difícil discutir com médicos a importância do cochilo,
mas “questiono se a produtividade cresceria e se a empresa e o país, principalmente,
ganhariam com isso”.
Rayane Santos com Folhapress
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