terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Funcionários deveriam trabalhar menos?

Publicada na edição de 22 a 28 de agosto de 2014 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.

Proposta na Câmara pretende diminuir a jornada semanal para 40 horas. Para muitos, redução favorece a produtividade

Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, e Larry Page, presidente-executivo do Google, defendem que as pessoas deveriam trabalhar menos horas e por menos dias da semana para serem mais felizes e produtivas. Você concorda com eles?
“Sou estagiária e trabalho apenas seis horas por dia. Tenho tempo livre para dormir, estudar e cuidar da saúde. É muito bom, mas não posso negar que no trabalho o tempo é curto e que muitas vezes desejo ter algumas horas a mais para mostrar a minha capacidade e vontade de trabalhar”, reflete a estudante de jornalismo Luana Silva.
Assim como ela, o especialista em carreiras Sílvio Celestino acredita que o desejo de reduzir ou de aumentar a carga horária está diretamente associado aos objetivos do profissional. “Se a pessoa não gosta do que faz, não adianta diminuir as horas de trabalho. A maioria dos trabalhadores demonstra estar insatisfeita, e isso acontece porque muitos não possuem um propósito na vida profissional”, aponta.

Diminuição da jornada
Tramita na Câmara há quase uma década a PEC 231, proposta de emenda constitucional que diminui a carga horária semanal de 44 para 40 horas – e também aumenta o valor da hora extra para 75% sobre o preço da hora normal. A medida, defendida por sindicatos, é resistida por empresários.
Para Romeu Bueno de Camargo, assessor jurídico da Fecomercio-SP, a redução da jornada pode ter impactos negativo sobre os principais setores do mercado, a indústria e o comércio, inibindo contratações. Isso porque nesses ramos alguém precisa estar obrigatoriamente trabalhando em certos períodos para atender clientes ou estar na linha de produção. "Mas, há setores que conseguem substituir a mão de obra por automação, como montadoras de automóveis e grandes grupos econômicos", diz.
Para Sílvio Celestino, mais importante do que reduzir a carga horária de trabalho é incentivar as pessoas a encontrar a sua vocação, pois só assim trabalharão mais satisfeitas e felizes. “Vejo que o Brasil precisa de mais trabalho, não de menos. Temos muito a ser desenvolvido em termos de infraestrutura, educação, saúde, segurança, justiça e energia. Não creio que os muitos processos ‘parados’ na Justiça, por exemplo, sejam acelerados com todos trabalhando menos”.

Vai um cochilo depois do almoço? 
Muitos são os benefícios apontados por médicos pelo sono após as refeições, como a restauração do corpo, fortalecimento da memória e do coração. Tal hábito é comum em algumas cidades europeias, locais em que comércio é praticamente interrompido no horário do almoço.
“Eu como rápido e uso metade da minha hora para dormir, dentro do meu carro, já que ele fica no estacionamento da empresa” confessa a bancária Elisa Souza. “Se eu pudesse dormir em um ambiente disponibilizado pelo banco seria bem melhor”.
Para o consultor em recursos humanos Laerte Leite Cordeiro é difícil discutir com médicos a importância do cochilo, mas “questiono se a produtividade cresceria e se a empresa e o país, principalmente, ganhariam com isso”.

Rayane Santos com Folhapress

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