Publicada na edição de 22 a 28 de
agosto de 2014 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
Na medida em que avançam as séries
escolares, crianças passam a frequentar menos as salas de livros
Enquanto mais da metade (57%) dos
alunos do 5º ano do ensino fundamental da rede pública utilizaram as
bibliotecas e salas de leitura sempre ou quase sempre, apenas menos de um terço
(30%) dos alunos do 9º ano o fizeram. A última avaliação nacional Prova Brasil
evidenciou que o uso das bibliotecas nas escolas cai conforme os alunos avançam
de série.
Para a psicopedagoga Betina Serson
muitos são os motivos, e o principal deles é a falta de incentivo dos pais, da
escola e dos amigos. “Desde pequena a criança tem que ser acostumada com os livros,
principalmente pelo hábito de ouvir histórias. Assim o seu interesse em visitar
as bibliotecas, seja para ter contato com os livros ou com as atividades do
local, se torna natural”.
A pesquisa apontou também que enquanto
24% dos alunos do 5º ano frequentavam esses espaços de vez em quando, e 18% quase
nunca, 35% dos alunos do 9º ano o faziam de vez em quando e 35,1% quase nunca. A
pesquisa foi realizada em escolas que ofereciam bibliotecas e salas de leitura em
2011, o equivalente a 38% dos 156.164 estabelecimentos públicos de ensino
básico do país.
Principais
motivos
"Infelizmente, com esses dados concluímos
que o incentivo à leitura vai caindo ao longo dos anos, e sabemos que isso é algo
muito ruim", afirma o gerente de Conteúdo do movimento Todos pela
Educação, Ricardo Falzetta. Os motivos para essa redução variam, segundo ele, a
começar pela falta de espaços de leitura adequados, carência de acervo
diversificado e ausência de profissionais qualificados para atender os alunos. O
grande volume de conteúdo passado aos alunos dos anos finais do ensino fundamental
e médio é outro fator relevante, segundo Ricardo.
A diretora de Educação e Cultura da
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Ecofuturo, Christine
Fontelles, acredita que nas escolas a literatura é pouca e sempre atrelada a
tarefas. Para a psicopedagoga Valéria Tiusso, a leitura é “um dos mais
importantes recursos que levam as crianças a desenvolverem o senso crítico, a
perceberem o mundo a sua volta e a despertarem a sua emoção, o que propicia um
crescimento saudável e prazeroso”.
Criando
bons hábitos
“Os pais podem e devem frequentar mais
as livrarias e bibliotecas. Hoje em dia, a maioria das livrarias tem atividades
para as crianças e são de graça, principalmente nas férias e nos finais de
semana. Na cidade de São Paulo há bibliotecas públicas muito boas e que também
oferecem atividades para as crianças”, indica Betina Serson.
Para a psicopedagoga Fabíola Batista, a
televisão, os celulares e a internet fomentam o afastamento entre crianças e livros,
apesar de serem itens positivos para o seu desenvolvimento. Portanto, cabe aos
pais refletir se a criança é capaz de usufruir deles sem se afastar dos livros.
“A criança não tem maturidade para discernir que a leitura é importante para
sua vida, portanto a sua interação com as tecnologias e com os livros deve ser
monitorada”, diz.
Mais
bibliotecas
O Plano Nacional de Educação estabelece
a biblioteca como um dos itens de infraestrutura que devem existir em todas as
escolas públicas de educação básica até o fim de 2024.
A avaliação Prova Brasil mostrou que 84%
das bibliotecas e salas de leitura das escolas consideradas no levantamento, em
2011, tinham acervo diversificado, 76% estavam instaladas em lugares arejados e
bem iluminados e 78% disponibilizavam um profissional responsável para atender os
alunos.
Rayane Santos com Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário