Publicada na edição de 14 a 20 de fevereiro de 2014 do Jornal do Trem e
Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.
Em sua estreia na Libertadores, o Cruzeiro sofre com falta de
infraestrutura e o preconceito dos torcedores peruanos
O Cruzeiro perdeu de 2 a 1 para o Real Garcilaso, na partida da última
quarta-feira, 12. Jogou sob um gramado precário e sofreu com a falta de água e
de energia elétrica no estádio Huancayo, no Peru – mas essas questões se
tornaram pequenas. Houve ali um vergonhoso episódio de racismo: todas as vezes
que o volante cruzeirense Tinga tocava na bola, a torcida adversária imitava
macacos.
“Em pleno 2014”
O atleta entrou em jogo no segundo tempo, substituindo Ricardo Goulart.
Assim que pisou em campo ouviu xingamentos da torcida peruana. “Trocaria todos
os meus títulos contra o preconceito, contra os atos de racismo”, disse Tinga,
nitidamente chateado, no final da partida. “Nunca passei por isso. Não imaginei
que um episódio assim aconteceria em pleno 2014 e em um país tão parecido com o
nosso, cheio de mistura”, declarou o volante.
Indignação
Treinador e diretor cruzeirenses, Marcelo Oliveira e Alexandre Mattos,
demonstraram durante a partida indignação com a atitude da torcida.
No Brasil, torcedores, não apenas
os cruzeirenses, se manifestaram no Twitter com a hashtag #FechadoComOTinga – a
mais utilizada na noite de quarta e na manhã de quinta-feira, 13.
Alexandre Kalil, presidente do rival cruzeirense, o Atlético-MG, também manifestou
na rede social a sua indignação com o caso: "Racismo na Libertadores? Me
tiraram o prazer da derrota do Cruzeiro. Lamentável!".
Punição
Durante toda a partida, o árbitro José Argote não tomou nenhuma
providencia. Mas, a Conmebol, entidade que organiza os campeonatos na América
do Sul, afirmou no Twitter oficial da Copa Libertadores que poderá haver
punições. "Sobre a questão do racismo no jogo Real Garcilaso e Cruzeiro, a
Confederação Sul-Americana de futebol irá analisar o tema e a possíveis sanções
pertinentes. Pedimos tranquilidade aos torcedores do Cruzeiro, pois sabemos que
isso é inaceitável".
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