sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A que ponto chegamos?

Publicada na edição de 13 a 19 de dezembro de 2013 do Jornal do Trem e Folha do Ônibus da FLC Comunicações Ltda.

Aplicativos da moda, como o Lulu, estão aí para facilitar a vida ou para deixar as pessoas desconfortáveis?

Surgiram, nas últimas semanas, aplicativos que deixaram muita gente de cabelo em pé. Talvez um dos mais famosos entre eles, o Lulu, permite que as mulheres atribuam notas aos homens em diversos âmbitos, inclusive quanto ao seu desempenho sexual.
O que mais assustou é que todos aqueles que têm um perfil masculino no Facebook automaticamente migraram para o aplicativo – sem que ao menos lhe fosse pedido permissão.

Objetivo do Lulu
Febre nos Estados Unidos, o aplicativo chegou ao Brasil recentemente para dar uma “mãozinha” às mulheres. Ele funciona como um banco de dados, que permite julgar e reúne as opiniões de diversas mulheres sobre os homens que estão no seu círculo social. A intenção do Lulu é centralizar conceitos, para que elas possam ter um ponto de partida antes de sair (ou não) com um homem.

Qual é o limite?
Diante de situações como essa, a sociedade se pergunta onde é que as coisas vão parar. Cada vez mais a privacidade das pessoas vem sendo restrita e diminuída. Saulo Arruda, especialista em desenvolvimento de aplicativos, acredita que o avanço da tecnologia, assim como o dos aplicativos, deve a facilitar a vida das pessoas, mas, às vezes, resolver o problema de alguns pode gerar novos problemas a outros.
“Normalmente as pessoas procuram desenvolver um aplicativo que resolva um problema que elas têm no dia-a-dia, e que tornará a vida mais fácil. Recebo diversas ideias, mas acredito que o direito de alguém termina quando o de outra pessoa começa. Por isso, cabe aos criadores e desenvolvedores de aplicativos terem bom senso e não cruzar a linha da violação da privacidade dos usuários”, afirma Saulo.

Você está lá
Todos aqueles que têm o perfil classificado como masculino no Facebook, estão no Lulu. Exatamente. A participação inicial no aplicativo não é opcional. Caso deseje, o usuário pode sim remover o perfil, acessando o site http://company.onlulu.com/deactivate.
Caso esteja se perguntando como é possível que um aplicativo detenha perfis os quais ninguém se cadastrou, a resposta é muito simples. Quando criam o seu perfil no Facebook, os usuários aceitam diversos Termos de Privacidade. Um deles permite que a rede social use os perfis, as fotos e as informações ali presentes da maneira que melhor entender, sem avisar ou muito menos gerar algum retorno financeiro para o usuário por isso.

Pegadinha Tubby
Nas últimas semanas surgiu o boato da existência de um aplicativo chamado Tubby, que prometia permitir que os homens avaliassem o desempenho sexual das mulheres. Dias antes do suposto lançamento, a equipe anunciou que se tratava de uma “pegadinha”, que deveria levar as pessoas à reflexão: respeito, intimidade e privacidade são essenciais. “As pessoas não são objetos, e não devem ter o seu desempenho avaliado como se fossem”, afirmou o grupo.

Abre o olho, mulherada

Será que a nota estabelecida no aplicativo é coerente? Ali, é possível que qualquer mulher dê nota para qualquer homem sem necessariamente provar que o conhece ou que teve algum relacionamento com ele. Mesmo se houver o contato prévio, nada garante que a mulherada fará avaliações justas. E, mesmo que elas sejam honestas, não significa que o homem agirá com outra pessoa da mesma maneira. É preciso refletir que os homens são seres humanos como qualquer outro, que têm ações e reações de acordo com o dia, o momento e a parceira. 

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